O conceito e a prática de respeito na
cultura do povo Iny Mahadú é algo forte que predomina até os dias
de hoje. Ensinar bons modos, não significam apenas se comportar de
forma adequado e reverente diante dos adultos, ou, até mesmo das
crianças. É uma ligação forte de tudo aquilo que é ensinado,
visto e feito coletivamente. Respeitar, é um princípio de beleza
interna do povo iny, tornando-os ainda mais belos, pela sutileza de
seu caráter puro e educado.
A coletividade sempre foi um ponto
forte dos inys, desde a divisão dos alimentos, da caça, da pesca,
da plantação, até à semente para plantar alimentos fartos para a
próxima roça. Mas quero destacar em especial o LUTO. O luto para
os inys, é a maior demonstração de respeito. Consideramos a vida
como uma forma de deixar legado no povo,e viver intensamente até o
fim de sua vida. O nascimento do primeiro filho, que significa
“ADELÁ” no iny rybé, (dialeto) do povo iny, é um motivo de
festa para a família, é recebido com honra pelos avós, é amado
intensamente pela família, não que os outros filhos não sejam, mas
o ADELÁ tem seus privilégios. Isso geraria outro texto, pois é
complexo.
O luto na cultura do povo iny, como
disse acima, é a maior demonstração de respeito, momento em que a
aldeia fica em silêncio, interrompe seus afazares, crianças que
banham o dia todo no rio, deixa a canoa de lado como resposta de
respeito. A própria natureza nos ensinou essa prática tão
importante, o rio se acalma, o vento suave, balança levemente as
folhas das árvores tristes, o brilho do sol ofuscado, a lua se gurda
e as estrelas se escondem atrás das núvens. A morte não é um
motivo de alegria para o povo iny, é um momento doloroso as quais
compartilham juntos.
Este respeito tão admirável, dura
em torno de 5 dias, nesse período é apenas ouvido o som da voz do
choro, esse choro é cantado, tanto pelo Homem e mais comum pelas
Mulheres. Uma espécie de canto, de inconformidade, um canto que ao
passar dos dias vai ficando mais suave, delicado, lembrando dos bons
tempos do facelicido. Os inys que praticam esse canto, são ensinados
desde crianças pelos avós, pois escorrer apenas em forma de
lágrimas a sua dor, é motivo de vergonha para a família.
No enterro, toda a aldeia acompanha o
momento. Cavar logicamente é a tarefa dos homens, e, os pertences do
falecido é enterredo junto à ele. É colocado na mão o alimento
que mais apreciava durante o período em que viveu. Os inys também,
no momento levam ao cemitério, água e alimentos para oferecer ao
mortos e acendem uma pequena fogueira no túmulo dos parentes
falecidos, na parte da cabeça, representando que o fogo afaste os
maus espíritos.
Ao ir no
cemitério deve tomar cuidado por onde pisa, pois quando um pé pisa
num túmulo significa que a morte está o chamando. Outro detalhe, os
inys ao se alimentarem, oferecem, antes de consumir o alimento aos
Worysy, também, antes da caça suplicam pela proteção do Worysy.
Isso significa temor e reverência aos Worysy, que na verdade são os
próprios falecidos, que em forma de Worysy ainda habitam no meio dos
inys.
Esta tradição mantém-se até os
dias de hoje, respeitar o luto é a forma mais admirável de
apresentar um povo tão rica em cultura diversificada, o respeito
que os inys tem, é a beleza simples que os caracteriza, além de
muitas outras tradições típicas e característica dos belos Iny
Mahadú isso é apenas uma parte de muitas outras tradições.
Mairu Hakuwi Kuady.